segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Qual o risco que corro fazendo isso? Talvez muitos. Ou nenhum. Eu mesma não sei. Fico confusa, aliás, eu quase nunca estou certa dos meus deveres. Compreendo meus sentimentos. O que já me satisfaz. Não por completa. Porque sou muito exigente. 

Isso me deixa nervosa, até ansiosa. O que sou por natureza. Sinto-me provocada a fazer isso. Uma provocação um tanto sedutora. Que me envolve, me pega pelacintura e me prende pelas pernas.

Ainda não sei se está certo. E desconfio que meus riscos sejam grandes. Mas estou presa pelas pernas. E agora vejo: há uma luz no fim do túnel, não uma luz branca incandescente, mas um azul brilhante. Sei que conheço esse azul.

Agora percebo. Meus riscos são grandes. Tenho medo do azul no fim do túnel. Imagino que seja o mar: não posso nadar. Poderá ser o céu: não consigo voar. Não gostaria que estivesse no fim. Mas já estou seduzida.

Seduzida. Envolvida pela cintura e presa pelas pernas. Já não me preocupa minhas incapacidades de nadar ou voar. Vou me jogar. Morrerei afogada nesse mar. E, de tão leve, flutuarei nesse céu.

Sinto. Esse azul tem vida. Resta saber se ele vive
Em mim, ou no fim
aonde não quero chegar.

15/12/2013
Quando nasci um anjo preguiçoso
desses que não fazem nada
disse: Vai, Mirelly! ser prosa na vida.

Até aceitei vir a esta vida,
mas de tão teimosa e pirracenta
disse: Vou! se for pra ser poesia.

Na poesia ardo, queimo
relampejo, sou tempestiva e
calmaria.

- Se não for prosa, não vai.

Pois bem, vim prosa. E assim fiquei sendo
metade prosa
o resto poesia.