sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Eu sou apta de escrever cartas, e adoro fazer isso. Mas hoje já é meio fora moda e passamos, ao invés de escrever cartas, escrever e-mails. É até mais rápido ou prático. Não importa. O importante mesmo é prazer que tenho ao escrever para alguém. A maioria dos meus textinhos são recortes de algumas cartas-e-mails que envie. O curioso nisso é que a pessoa para qual eu escrevo nunca me responde. Nunca. Muitas vezes é desconfortante. Falo, falo, falo de mim, das coisas que estão acontecendo, do que me aflige, do que me alegra. E não tenho nenhum retorno. Nem um: - “Não fica assim. Vai passar. Vai dar tudo certo.” Ou então: “Nossa! Que bacana. Parabéns!”. Não. Nada disso.
Pode até ser estratégia. Sei lá. Só sei que isso me faz repensar nas coisas que falei. Porque eu posso não ser respondido por ter falado demais, ou de menos. Posso não ter escrito algo que deveria escrever, ou o contrário. Posso ter me empolgado e não precisava tanta empolgação. Ai! Não sei. Sei que poderia ao menos dar um sinal de vida ou de fumaça.
Enfim, hoje não estava muita afim de recortar a carta-e-mail então dei uma breve explicação  para que possa ser entendido melhor.
Segue a carta:

Oi, minha linda flor do jardim de Monet! 
 
Como tu estás? como estás tu? 
Olha, eu estou nem sei como. De um jeito estranho. Bem eu, sabe? Essa coisa de não ter controle dos sentimentos é tão estranho. Não estranho, mas complicado. Nunca sabemos se estaremos como o mesmo sentimento o dia todo. Às vezes, acordamos tão bem, tão dispostos, e, de repente acontece algo, ou recebemos algumanotícia que não esperávamos e coisa e tal e tal e coisa, para tudo mudar. Não é legal. Não gosto. Definitivamente. Por exemplo, agora eu estou "sei lá" da vida. Você entende o que eu quero dizer, não entende? Todo mundo tem o seu dia, ou o seu momento "sei lá". Você não sabe se está feliz ou triste, alegre ou desalagre, com raiva ou amorosa, saudosa. Você simplesmente está. E ponto. Não há definição. Talvez devêssemos sentimentalizar o "sei lá". Por exemplo, quando alguém sente algo por outra pessoa, mas não sabe o que realmente sente. Diria a essa pessoa: sinto "sei lá"  por você. Ele não ama, mas também não desama. Simplesmente não sabe o que sente em relação ao outro. Então ele sente "sei lá". Adorei minha ideia. Vou patenteá-la. Nós temos sentimentos ''sei lá''. Não é só no Brasil, eu acho, que temos o sentimento de SAUDADE?! Então "bora" criar mais um. Quem diz que não pode? O Governo? a Polícia? A Gramática? Ai, ai... não tenho medo deles. Já disse uma vez e repito: Sou mais corajosa que heroína de romance policial. 
Pois bem, hoje sinto sei lá, em relação a vida. A minha vida. Mas por você ainda sinto CARIDADE. Caridade não seria uma mistura de Carinho com Amizade?! Não? Mas combina. Eu queria que fosse assim. Queria fazer como o pássaro do Manuel de Barros que enxergava as coisas todas inominadas. Seria muito mais gostoso. Gostaria mesmo de poder criar nome para as coisas, porque eu não enxergo o mundo da mesma maneira que você, a gente pode até concordar em alguns pontos, mas nada mais que isso. Pode ser que vejo o mundo colorido, ou todo unicolor. E alguém não enxergar nada. Só escuridão.
Caridade s.f.: 1. Virtude teologal que conduz ao amor a Deus e ao nosso semelhante. 2 p.met. ato pelo qual se beneficia o próximo, esp. os pobres e desprotegidos. (HOUAISS, 2009).
Olha que nem estou tão errada assim quando digo que caridade é a mistura de Carinho com Amizade. Se sou seu amigo logo te ajudarei, apoiarei, conduzirei amor a você por ser meu semelhante, portanto serei carinhoso com você (é o que se espera). Mesmo que não seja aceita minha idéia e discorde , não me importo.
Mas vou deixar de prosa porque meu arroz cheirou queimado.
Beijos
E até mais.

Mirelly – Sua amiga quase poeta  


 

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